quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meio-tom

Calei-me durante muito tempo
enquanto falavas,
enquanto calavas
e quando extraías da minha boca
as palavras que eu não queria querer.

Matei poemas
(abortos clandestinos)
e neguei canções
(rebentos desconhecidos pelo pai)

mas sei que lias em mim
o que não tinha sido dito.

Agora da tua metralhadora de palavras e pontapés, ácido e chocolate,
machucando quando quer amar,
entregando-se apaixonada quando quer distância,

tu que também não sabias o que querias,

de ti
agora
(mais uma vez)
eu quero a vida inteira.
por Eduardo Trindade

3 comentários:

Alice disse...

Só o querer... que nos adianta? =/

Paula disse...

Olá Eduardo, fiquei super feliz com o teu comentário no viajar :)
Há tanto tempo que não "falávamos" :D
Um abraço

Andrea de Godoy Neto disse...

poema de entrega, Edu... bonito, bonito e doído...


beijos pra ti!