enquanto falavas,
enquanto calavas
e quando extraías da minha boca
as palavras que eu não queria querer.
Matei poemas
(abortos clandestinos)
e neguei canções
(rebentos desconhecidos pelo pai)
mas sei que lias em mim
o que não tinha sido dito.
Agora da tua metralhadora de palavras e pontapés, ácido e chocolate,
machucando quando quer amar,
entregando-se apaixonada quando quer distância,
tu que também não sabias o que querias,
de ti
agora
(mais uma vez)
eu quero a vida inteira.
por Eduardo Trindade