segunda-feira, 20 de junho de 2011

Boneca Russa


Amo o universo que escondes
no infinito que insinuas.

Amo o tempo além do tempo
que trazes no ventre
e sobretudo no olhar.

Não tenho medo de chegar aonde terminas,
quero é descobrir onde começas.

versos e imagem por Eduardo Trindade

domingo, 12 de junho de 2011

O Mapa das Nuvens

Eu quero o mapa das nuvens
e um barco bem vagaroso.

Mario Quintana

Chega um ponto em que é preciso fazer escolhas, tomar decisões, enfrentar o abismo. Há algo que se sente e que seria simplista demais resumir em uma única palavra — amor, paixão, ou qualquer outra que se inventasse. Algo que atrai como o desconhecido, que amedronta como o escuro. E que, sendo belo e luminoso, faz-nos querer manter os olhos fechados. Sonhei-te, dancei-te, beijei-te em silêncio, escrevi poemas, falei bobagens — insisti nas bobagens porque tinha medo das coisas sérias. De tanto querer o próximo passo, acabamos adiando-o com medo de um passo em falso. Este temor que paralisa, que nos faz esquecer que a corda é bamba. A corda vibra mesmo quando tentamos nos manter imóveis. Tolo comodismo. A estrada só se abre a quem segue em frente. Só quem se move pode manter o equilíbrio, é como andar de bicicleta. A natureza é sábia. Criou-te e criou cada um dos instantes em que nos encontraríamos. Pisquei os olhos e percorri tua pele. Levei-te para a cama uma, duas, três vezes (não é verdade que eu não saiba quantas vezes foram, lembro-me dos detalhes de cada uma delas, mas a frase em forma de dúvida aguça a mente e a imaginação, e o que mais quero é me unir a ti até o infinito). Cultivo a dúvida porque não sei viver sem a certeza; entender meus motivos deve ser complicado, é tudo medo. Mas quero é entender teus recuos e saltos, teu bote, a brisa que te traz, o mar em que me perco. Mar de sentidos (e um abismo de escolhas). Não há sentido sem tua presença. Contigo escolho enfrentar o abismo, contigo darei a volta ao mundo, e iremos pelo caminho mais lento, o caminho que dê tempo às nossas descobertas.

texto e fotografia por Eduardo Trindade

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Cidade Estranha


Então aconteceu que, longe de ti, o mundo já não era grande o bastante para eu me perder nem pequeno o suficiente para me acolher.

Imagem: Google Maps