sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O naufrágio

Era um dia azul
e o cheiro de sal inundava o ar,
entrava pelos poros,
entranhava-se.

Era um dia de mar
encrespado
e era preciso
navegar.

Precioso era o mar,
infinito era o vento,
invisível era o kraken,
irresistíveis as sereias.
A umidade intumescia
as velhas tábuas de madeira,
Éolo envergava
os mastros imprecisos.
Era um dia de mar verde
e era um dia azul.

Uma fossa? Mudas as sereias,
mas irresistíveis,
o barco que já não era
cobria-se de verde
e azul não mais havia.
Um poço, repouso.

Era um dia azul
e sobre o verde, indiferente,
uma gaivota repousando
à deriva.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Estrela d'alva

Quando te fores
(dia claro já),
ficará um escuro aqui em mim.

O ex-presidente da república,
a bolsa de valores,
o petróleo no mercado internacional
e o cheiro de pólvora na cidade
(ó bombas de efeito moral)

virão ocupar o teu vazio.

Quando vieres, estrela d'alva,
se vieres
(no outro dia),
que sombra do menino que fui
restará
para te abraçar?


.....Nova Prata, 06/3/2016