segunda-feira, 1 de março de 2010

Piano

Tudo quanto espero agora é um grito.
O rasgo pungente de um choro
desadormecido na hora errada.
Calma, mãezinha, já vai passar.
Chora, criança, que o sono já vem.
Tudo que chove agora é incerto, é frio e vento.
Tudo que tento não me satisfaz agora.
Sendo redondo o mundo, todos os caminhos
levam ao mesmo caminho.
Tudo que é inverno agora
é o mais interno de mim.
Que bem me faria agora a indiferença,
a suave limpidez da voz de uma criança
atravessando o primeiro movimento
de uma sonata ao luar.

por Eduardo Trindade

3 comentários:

M. A. Cartágenes disse...

seria tosco e genérico eu dizer que senti uma parte de mim lendo e assimilando o texto?

Paz.

Marina disse...

"Tudo que é inverno agora
é o mais interno de mim."

lindo!

e adorei te ouvir! :)

bjuss

Max disse...

Outra vez deixaste um comentário num dos meus poemas recentes dizendo que adoras "esse tipo de texto"...
Minha vez: adoro esse tipo de texto.
Congratulações.