Sempre vou ao trabalho de ônibus. É um trajeto de pouco menos de meia hora, que costumo fazer lendo ou dormindo: na maioria das vezes, durmo. Habituei-me a despertar quando o ônibus se aproxima da última curva antes da parada. Um automatismo do tipo que a rotina costuma criar. Não reclamo: é bom ter estes minutos a mais de sono durante a viagem.
Hoje de manhã. O ônibus se aproxima da tal curva e eu estou abrindo preguiçosamente os olhos. Há uma sinaleira, um pouco de trânsito, e o ônibus para, à espera.
Outro ônibus para ao lado do meu.
É quando eu reparo, através da janela, uma criança que olha para cá. Tem uma das mãos apoiada no vidro do seu ônibus. Esta mão me faz um aceno tímido, este menino me olha nos olhos com uma pureza que eu não sei descrever. Sei que definitivamente desperto. E assim o menino ganha um sorriso meu. Natural como os gestos que não esperamos. E espontaneamente minha mão responde ao aceno.
Então me dou conta de que o ônibus ao lado está repleto de crianças pequenas de uma escola pública. Curiosas, disputam espaço nas janelas. São rostos variados: alguns sonolentos, outros distraídos, outros ainda surpreendentemente atentos. E tantos sorrisos. Eu também estou sorrindo, olho para cada um destes rostos e me retribuem com um brilho de alegria! Agora são mãozinhas próximas à janela, todas acenando para cá!
A sinaleira já está verde, meu ônibus começou a se mover e vai deixando o outro para trás. Anda devagar, e eu vejo as janelas passarem em câmera-lenta. Meninos e meninas, cada qual com uma história. Não sei o que esperam do dia mas parece que, naquele instante, não desejam mais que um sorriso e um aceno deste homem aqui do outro lado, homem que parece fazer parte de outro mundo, mundo dos adultos. Eu.
Já nossos caminhos se separam, estou chegando ao trabalho. Meu último olhar capta o olhar de uma menininha desconfiada. Gosto de imaginá-la com uma curiosidade disfarçada em timidez. Hesitamos um instante, então ela começa a tamborilar devagar com os dedos da mão na janela, é sua forma de acenar para mim. Repito o gesto com a mão ondulando no ar. É bom-dia, é aceno, é despedida. E é a maneira que encontro de agarrar aquele instante para ainda me lembrar dele quando já forem outras as ondas trazidas pelo vento.
Hoje de manhã. O ônibus se aproxima da tal curva e eu estou abrindo preguiçosamente os olhos. Há uma sinaleira, um pouco de trânsito, e o ônibus para, à espera.
Outro ônibus para ao lado do meu.
É quando eu reparo, através da janela, uma criança que olha para cá. Tem uma das mãos apoiada no vidro do seu ônibus. Esta mão me faz um aceno tímido, este menino me olha nos olhos com uma pureza que eu não sei descrever. Sei que definitivamente desperto. E assim o menino ganha um sorriso meu. Natural como os gestos que não esperamos. E espontaneamente minha mão responde ao aceno.
Então me dou conta de que o ônibus ao lado está repleto de crianças pequenas de uma escola pública. Curiosas, disputam espaço nas janelas. São rostos variados: alguns sonolentos, outros distraídos, outros ainda surpreendentemente atentos. E tantos sorrisos. Eu também estou sorrindo, olho para cada um destes rostos e me retribuem com um brilho de alegria! Agora são mãozinhas próximas à janela, todas acenando para cá!
A sinaleira já está verde, meu ônibus começou a se mover e vai deixando o outro para trás. Anda devagar, e eu vejo as janelas passarem em câmera-lenta. Meninos e meninas, cada qual com uma história. Não sei o que esperam do dia mas parece que, naquele instante, não desejam mais que um sorriso e um aceno deste homem aqui do outro lado, homem que parece fazer parte de outro mundo, mundo dos adultos. Eu.
Já nossos caminhos se separam, estou chegando ao trabalho. Meu último olhar capta o olhar de uma menininha desconfiada. Gosto de imaginá-la com uma curiosidade disfarçada em timidez. Hesitamos um instante, então ela começa a tamborilar devagar com os dedos da mão na janela, é sua forma de acenar para mim. Repito o gesto com a mão ondulando no ar. É bom-dia, é aceno, é despedida. E é a maneira que encontro de agarrar aquele instante para ainda me lembrar dele quando já forem outras as ondas trazidas pelo vento.
crônica e fotografia por Eduardo Trindade
10 comentários:
Hoje pela manhã também recebi um aceno, de uma menininha de grandes olhos azuis que mora no meu prédio. Ela não sorriu, só parou tudo o que estava fazendo pra ficar olhando para mim. Sorri e acenei. E ela retribuiu. Acho que eu sou mais tímida que ela.
As crianças são lindas. É lindo olhar toda a sua ingenuidade. Num aceno, numa brincadeira, numa palavra.
...ainda sonolento, despreguiçando e esperando dar meia hora para tomar meu café, mas com uma diferença das outras manhãs... dançando suas palavras de bom dia, poeticamente bom dia.
abraços
ns
Eu me identifiquei tanto com essa crônica, não só por ser declaradamente encantada por crianças, mas por achar que 'atraio' elas... sempre tem uma que encasqueta de acenar pra mim, nem que seja com os olhos, e eu me derreto toda... = )
Muito obrigado pelas palavras ,e parabens pelo blog,achei muito especial.
Que bonito, Eduardo... São esses detalhes que fazem a vida da gente seguir.
Sinto em você um lado completamente infância e saudosismo. Um lado muito amoroso com crianças...não sei se vc é pai, mas tenho certeza que se for, será um pai de fazer qualquer filho feliz.
muito lindo Eduardo
pude viajar no teu onibus através de sua cronica e tambem vi na simplicidade do seu aceno toda a grandeza que existe em seu coração
abraços
que simplicidade, q algo bom de se sentir(e ler)
... cores de sentir... coers de ser... cores de ver na vida toda vida que há... e que belo olhar este seu...
admirações imensas, sempre...
Abraço grande pra ti, Eduardo...
Dias coloridos...
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