sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Desenho na calçada

Risco a calçada com um caco de tijolo.
Um sol, uma casa... Um menino
emerge, por encanto, do chão.
Sorri, sorrio. E dançamos juntos
de mãos dadas em frente à casa
onde eu costumava brincar.
O sol se faz luz e raios
enquanto dura o dia.
A tarde é grande aos olhos de criança.
Que retêm o tempo. As sombras se alongam,
enfim, então vem a noite
e com ela uma nuvem molhada
restitui o menino à calçada,
os rabiscos ao nada,
a compostura ao homem feito
e parto, intimamente radiante
como um sol cor de tijolo.

versos e imagem por Eduardo Trindade

10 comentários:

Neotenia disse...

"A tarde é grande aos olhos de criança. Que retêm o tempo."



Este é o verso mais bonito!!!

magna disse...

"E dançamos juntos
de mãos dadas em frente à casa
onde eu costumava brincar."
imaginar que a vida é feita disto de dança e música e que pode ser triste mas vale a pena ser alegre!
mesmo quando chorar felicidade é tudo existe uma opera e com ela valsa dentro de mim!

Noslen ed azuos disse...

‘Conseguiste’
num passe de imaginação
eu criança
num momento antigo
com um tijolo
rabiscando o chão.

abraços
ns

Ana. disse...

Quantas saudades destes versos!
Me vi desenhando,pulando amarelinha,e o tempo,apagando tudo e todos que sorriam comigo...
Belíssimo!

Gostaria de informar-lhe que depois de meses,uma carta tomará rumo ao Rio...


abraços poeta!!

Andréa Amaral disse...

Me senti criança novamente e me deu vontade de brincar de amarelinha....depois senti o cheiro de terra molhada apagando os rabiscos de giz no chão. Muito lindo seu poema. parabéns.

Marina disse...

Qualquer pedra que riscasse o chão era minha companheira por horas. Hoje em dia, nem em papel ando desenhando. Deu saudade.

Lindos versos. Beijos!

Dani Santos disse...

"Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou" (giz, Legião Urbana).

Mergulho, dança, reencontro. as palavras aqui ensaiam passos de valsas serenas que fazem o corpo todo sorrir. e sentir o mundo que há no nosso de meninos grandes.

Obrigada por estes encantos todos, Eduardo... grande abraço pra ti.

Andréia Pires disse...

Que bo-ni-to!
Amigo, só hoje vi teu comentário no Miríade sobre o Menino do Pijama Listrado. Foi um filme, e um livro mais anda, daqueles que fazem a vida da gente mudar. Não uma mudança drástica, uma miudinha. Depois de ver o filme ficou tudo diferente... com o livro idem.

Bjo, bjo. E conversamos por aí!!

Meire Jorge disse...

ma-ra-vi-lho-so.....tranportou-me à minha infância...à minha calçada...à mim mesma!!!
agradeço-te por esse momento..

Thalita Castello Branco Fontenele disse...

Também lembrei do Renato.

Lindo poema.